domingo, 5 de junho de 2011

Veja como são escolhidos os presidentes de empresas.

Os diretores presidentes de empresas, também conhecidos por CEOs, passam por um verdadeiro pente-fino até serem escolhidos para comandar as empresas. Trabalham de forma sigilosa na escolha desses profissionais os chamados headhunters, ou caça-talentos, com experiência em seleção de executivos. O trabalho envolve bastante responsabilidade, pois os profissionais escolhidos vão representar e carregar a imagem institucional de grandes organizações com remunerações que variam em média de R$ 40 mil a R$ 100 mil.

De acordo com Renato Grinberg, especialista em carreiras e diretor geral da Trabalhando.com, 80% de todas as vagas no mundo todo são preenchidas por meio de indicação, e é por esse meio que são escolhidos os CEOs. Por isso, para serem bem-sucedidos na escolha dos profissionais, os headhunters têm uma grande rede de contatos, o chamado networking.

# Tem que estar empregado #

O coach Homero Reis, da Homero Reis e Consultores, diz que cargos estratégicos como os de presidentes de empresas não são anunciados em jornais tampouco em sites de emprego. “Quem busca esse tipo de emprego não se coloca em anúncios como ‘executivo de alto nível procura oportunidade’. Os profissionais com esse perfil não estão visíveis para o mercado comum”, diz.

“A preferência é por quem já está empregado em outras empresas. As organizações querem o cara top de mercado, pois o cargo tem um peso muito maior do que a própria competência. Por isso, tem que ter pedigree também, vir de uma grande organização, estar acostumado a lidar com investidores, com as oscilações do mercado”, diz Grinberg.

“Você não vai contratar um executivo que está desempregado ou alguém que está colocando anúncio no jornal. Você vai olhar no mercado quais os executivos que estão atuando na área e com o perfil desejado, diz o coach Homero Reis.

De acordo com Carmen Miranda, consultora do Grupo Foco, geralmente os profissionais “caçados” são os que já são CEOs ou que já ocupam um cargo de alto nível na área de negócios.

Grinberg diz que em cargos de liderança você não vê o efeito imediato da contratação, como é o caso de cargos técnicos, por exemplo. “Demora cerca de seis meses para saber se aquela pessoa escolhida foi a correta para o cargo. O andamento da empresa depende daquela pessoa, e uma contratação errada envolve perda de dinheiro”.

O consultor da Trabalhando.com diz que não é relevante que o diretor presidente escolhido esteja no mesmo ramo da empresa que busca o profissional. “Quanto mais alto o cargo, menos relevante fica a área. Claro que se contratar uma pessoa que esteja atuando em área similar é melhor, mas o que importante é a liderança do profissional”, afirma.

De acordo com Reis, boa parte do salário vem do percentual do resultado que ele consegue obter na organização. Além disso, existem pacotes de benefícios como viagens pagas para outros países com a família, uso de jatos particulares e de carros blindados com motorista, hospedagens sempre em hotel cinco estrelas, entre outros.

# Requisitos #

Carmen afirma que os headhunters focam a seleção nas habilidades gerenciais, capacidade de liderar mudanças, para alcançar os objetivos da empresa e de trazer soluções inovadoras, além de valores pessoais e princípios de ética, compromisso e caráter. “Entretanto, às vezes o profissional tem todas as habilidades necessárias, mas não se adapta aos valores e visões da empresa”, diz.

Para Grinberg, capacidade de negociação e de saber até onde é possível arriscar, liderança que traz motivação e inspiração até durante crises econômicas, capacidade de tomar decisões rápidas, clareza da situação, positividade na ação e maturidade são os requisitos buscados pelos selecionadores. “Fazem a diferença a inteligência emocional, a capacidade comportamental e para lidar com gente”, diz Grinberg.

Segundo Reis, é possível o profissional se tornar CEO de uma grande organização após ter trabalhado em cargos de alto escalão em empresas menores. Para Grinberg, no entanto, em algum momento da trajetória esse profissional precisa ter passado por uma grande empresa em cargo de gerente, por exemplo.

“As chances são menores para quem sempre ficou numa empresa pequena, mesmo em cargo de liderança. Por isso, é importante passar por empresas grandes, mostra que
a pessoa batalhou para subir de cargo dentro da empresa e isso já abre portas”, diz Grinberg.

Para os consultores, os profissionais estão se tornando CEOs cada vez mais cedo. Homero Reis diz que a idade dos CEOs caíram vertiginosamente nos últimos 15 anos
“Nós chamamos isso de fenômeno da ‘juvenização’ da gestão. Antes a média era de 45 anos e hoje é de 35”, diz.

O consultor ressalva que há aspectos naturais de desenvolvimento humano pelos quais o jovem ainda não passou. “Por isso, é necessário se cercar de pessoas mais experientes e competentes”, comenta Grinberg.

“Tem que ter pelo menos 40 anos para ter competência para ser um CEO. Tem que ter vivência na área comercial, financeira, gestão de pessoas. Para gerenciar uma empresa tem que ter uma visão ampla e experiência de vida, além de ter passado por situações diversas”, afirma Carmen.

Fonte: G1

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